Seu voto conta, seu lixo também
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Em muitos bairros, é comum encontrar montes de entulho, restos de móveis e lixo doméstico descartado de forma irregular. Durante a corrida eleitoral, a cidade parece passar por uma transformação repentina. Locais antes esquecidos pelo poder público ganham atenção e são rapidamente limpos, em uma tentativa de maquiar a situação real. Os moradores, no entanto, são testemunhas desse ciclo vicioso, onde os problemas são varridos para debaixo do tapete, apenas para reaparecerem após o término das eleições.
Essa prática não é exclusiva de Ourinhos, mas é especialmente evidente em cidades menores, onde o contato entre eleitores e candidatos é mais próximo. A falta de uma política pública eficaz para o gerenciamento de resíduos acaba deixando a cidade refém de um sistema que privilegia aparências em detrimento de soluções duradouras.
Especialistas em urbanismo e meio ambiente alertam para os riscos dessa abordagem. “Limpar a cidade apenas durante o período eleitoral é uma medida paliativa e não resolve o problema da falta de infraestrutura e educação ambiental”, comenta um professor da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP). Segundo ele, o voto consciente é crucial, mas é igualmente importante que a população cobre uma atuação contínua dos governantes na gestão dos resíduos.
A responsabilidade pelo lixo que vemos nas ruas não é apenas do poder público. A população também precisa ser mais consciente sobre o descarte adequado de seus resíduos. A falta de lixeiras em locais estratégicos e a ausência de campanhas de conscientização eficazes agravam o problema.
Em vez de esperar que candidatos ofereçam soluções temporárias, os cidadãos de Ourinhos devem se mobilizar para exigir políticas públicas que garantam a limpeza urbana durante todo o ano. Além disso, é essencial que cada eleitor reflita sobre o impacto de suas escolhas tanto nas urnas quanto no dia a dia da cidade. Afinal, assim como o voto, o lixo que descartamos também molda o futuro de Ourinhos.