“Frouxidão em Brasília”: Bolsonaro pede desculpas, fala em Moraes como vice e decepciona até a própria tropa
Ourinhos.Online – Edição de 11 de junho de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo chamado de “frouxo” pelos próprios apoiadores — e não é a esquerda quem está dizendo. Em uma semana marcada por reviravoltas, constrangimentos e vídeos circulando em grupos bolsonaristas, até a ala mais fiel se mostrou decepcionada com a postura do capitão reformado, que agora parece mais recuado do que nunca.
Durante um depoimento nesta terça-feira (10), Bolsonaro surpreendeu ao dizer que Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) — e um dos seus maiores antagonistas — poderia ser seu vice em 2026. A frase caiu como uma bomba entre seus seguidores mais radicais, que viram ali não ironia, como tentou justificar o filho Eduardo Bolsonaro, mas rendição pura.
“Qualquer pessoa com dois neurônios entendeu a ironia da fala”, tentou defender o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alegando que o pai apenas quis sinalizar que ainda pretende disputar a Presidência. Detalhe: Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mas a base não engoliu. Em grupos bolsonaristas no Telegram, como o canal “Águia” — com mais de 20 mil membros — o vídeo do depoimento foi acompanhado por críticas duras. “Foi eleito como um cavalo de guerra, com promessas de confronto direto contra o sistema. Mas, quando chegou lá em cima, o discurso mudou. A coragem virou silêncio. A ação virou covardia”, diz o vídeo publicado por um militante da direita radical.
Não bastasse a fala sobre Moraes, Bolsonaro ainda pediu desculpas publicamente por ter acusado os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso de receberem propina e tentarem manipular as eleições de 2022. A atitude foi vista por muitos de seus seguidores como um gesto de fraqueza e um recuo que contraria todo o discurso que o levou ao poder.
Outra frase que gerou espanto foi a justificativa para não ter passado a faixa presidencial a Lula: “Tive medo de sofrer a maior vaia da história do Brasil”, afirmou Bolsonaro, com a sinceridade que poucos esperavam ouvir.
FRAQUEZA OU ESTRATÉGIA?
Para analistas políticos, o comportamento pode ser uma tentativa desesperada de se manter relevante no jogo político mesmo fora da disputa eleitoral. Mas para muitos de seus apoiadores, o que restou foi o amargo gosto da decepção.
Nas palavras de um deles: “Um homem que teme ser odiado nunca vai liderar uma revolução”.
Se Bolsonaro pretendia demonstrar força, conseguiu o oposto. E enquanto Eduardo corre para conter a debandada, a pergunta que ecoa nos bastidores da direita é uma só: até onde vai a frouxidão de quem prometeu enfrentar o sistema?
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