Sabesp estuda uso de água reciclada para reforçar abastecimento na Grande São Paulo
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Projeto prevê uso de esgoto tratado para recarregar reservatórios e mitigar a escassez hídrica na região metropolitana
A Sabesp estuda a implementação de um sistema de reuso de água na região metropolitana de São Paulo, que prevê o aproveitamento de esgoto tratado para reforçar os reservatórios que abastecem milhões de moradores. O projeto, ainda em fase de análise, estima o uso de 2.800 litros por segundo de água reciclada para reduzir os impactos da escassez hídrica — um problema crescente na maior metrópole do país.
De acordo com a empresa, o Sistema Cotia, na zona oeste da Grande São Paulo, deve receber 2.000 litros por segundo de água oriunda da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Barueri. Já o Sistema Alto Tietê, na região de Suzano, seria reforçado com 800 litros por segundo processados pela ETE Suzano. Após o tratamento inicial, a água passará por uma etapa adicional de polimento e filtragem, antes de seguir para as Estações de Tratamento de Água (ETAs).
O diretor de Planejamento e Projetos de Engenharia da Sabesp, Marcel Sanches, explicou que a proposta faz parte da estratégia de diversificação da matriz hídrica da companhia.
“O objetivo é garantir segurança no abastecimento, principalmente em momentos de escassez como o atual”, afirmou Sanches.
Segundo ele, o Sistema Integrado Metropolitano (SIM) — que reúne os principais reservatórios da região — operava com apenas 30,8% da capacidade no início de outubro. A situação é preocupante: a Grande São Paulo possui apenas 10% da disponibilidade hídrica recomendada pela ONU por habitante, número inferior ao do semiárido nordestino.
Durante a apresentação do projeto, na sede da Sabesp, também participaram a diretora-executiva de Operação e Manutenção, Débora Longo, e o diretor de Engenharia e Inovação, Roberval Tavares. Ambos destacaram que o uso de água de reuso já é uma prática consolidada em cidades como Barcelona, Singapura, Califórnia e Brasília, onde o Lago Paranoá adota sistema semelhante.
O estudo deve ser concluído até março de 2026, com início das obras previsto para o segundo semestre do mesmo ano. A expectativa é que o sistema entre em operação em dezembro de 2026.
“Há tecnologia avançada e padrões de segurança rigorosos. Essa é uma tendência global diante das mudanças climáticas”, destacou Sanches, reforçando a importância de superar o tabu em torno do reuso da água.
O avanço no tratamento de esgoto é apontado pela Sabesp como essencial para aumentar a disponibilidade hídrica. Em 1991, apenas 17% do esgoto das cidades atendidas era tratado. Em 2023, o índice subiu para 66%, contribuindo para a redução da mancha de poluição do Rio Tietê, que caiu de 207 km em 2024 para 174 km em 2025.
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