Bebidas adulteradas com metanol: mortes em São Paulo podem ter ligação com o PCC

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) emitiu neste domingo (28) um alerta sobre o uso de metanol na adulteração de bebidas. A substância pode ser a mesma importada ilegalmente pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para fraudar combustíveis, segundo a entidade.

O aviso ocorre após a confirmação de duas mortes por intoxicação na Grande São Paulo e de dez casos em investigação na capital, todos relacionados ao consumo de bebidas suspeitas.

O risco do metanol

O metanol é um líquido incolor, inflamável e altamente tóxico. Em operação realizada há um mês contra o crime organizado, a substância foi encontrada em até 90% da composição de combustíveis comercializados por postos clandestinos. Pela legislação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o limite permitido é de apenas 0,5%.

De acordo com a ABCF, o fechamento de distribuidoras ligadas ao PCC pode ter levado à revenda do produto para destilarias ilegais, que estariam utilizando o metanol na produção de bebidas falsificadas.

Medidas de prevenção

Diante da gravidade da situação, o Ministério da Justiça emitiu recomendação urgente para que bares, restaurantes, mercados e plataformas de venda online reforcem a checagem de bebidas comercializadas.

A pasta orienta que os estabelecimentos:
• retirem produtos suspeitos de circulação,
• preservem amostras para perícia,
• acionem a Vigilância Sanitária, a Polícia Civil e o Procon em caso de irregularidades.

Prejuízos e combate ao mercado ilegal

Segundo a ABCF, o setor de bebidas foi o mais afetado pelo mercado ilegal em 2024, com perdas estimadas em R$ 88 bilhões, incluindo R$ 29 bilhões em sonegação fiscal.

A associação defende a retomada imediata do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), já considerado legal pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas ainda em disputa judicial no Supremo Tribunal Federal (STF). Para a entidade, apenas com esse mecanismo de rastreabilidade será possível conter a atuação do crime organizado e reduzir os riscos à saúde da população.

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