PF prende general Braga Netto por envolvimento em tentativa de golpe de Estado

STF determinou prisão após depoimento de Mauro Cid; ex-presidente Bolsonaro também teria conhecimento do plano.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste sábado (14) a prisão do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. A decisão ocorreu após novas declarações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que apontou o envolvimento direto do general no financiamento de uma tentativa de golpe de Estado.

De acordo com Cid, Braga Netto teria entregue dinheiro em espécie para financiar o plano golpista, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, em uma embalagem para garrafas de vinho. Segundo a investigação, o valor foi destinado ao grupo “Kids Pretos”, militares com treinamento em operações especiais, durante uma reunião em uma das residências oficiais da Presidência da República.

Detalhes da trama

Nos depoimentos recentes, Mauro Cid revelou que o plano dos militares visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Além disso, a operação incluía o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio ministro Alexandre de Moraes.

Fontes ligadas à investigação confirmaram que o plano, arquitetado em novembro de 2022, tinha como data de execução o dia 15 de dezembro daquele ano. Mauro Cid relatou que não sabia, inicialmente, da intenção de assassinatos, mas participou das reuniões com militares ligados ao grupo. A casa de Braga Netto teria sido palco de um dos encontros decisivos.

Depoimentos e colaboração premiada

A Polícia Federal chegou a questionar a validade do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid após ele omitir informações importantes sobre o financiamento do golpe. Inicialmente, durante depoimento na Operação Contragolpe em novembro, Cid não mencionou o envolvimento de Braga Netto. Porém, dias depois, em audiência no STF, ele trouxe novos detalhes sobre o caso.

O advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, declarou em entrevista que Bolsonaro “sabia de tudo” e “comandava a organização”. Apesar disso, Bitencourt voltou atrás posteriormente.

Mesmo com o pedido da PF para a rescisão do acordo, Alexandre de Moraes optou por manter os benefícios da delação premiada de Mauro Cid, justificando a relevância das novas informações fornecidas.

Movimentação militar em Brasília

As investigações da PF apontaram que, no dia 15 de dezembro de 2022, ao menos seis militares ligados ao grupo “Kids Pretos” se posicionaram em pontos estratégicos de Brasília. O objetivo era capturar Alexandre de Moraes, o que consolidaria a execução do plano.

A prisão de Braga Netto, determinada por Moraes, marca mais um avanço na apuração do esquema golpista que envolveu figuras-chave do governo Bolsonaro e setores militares.

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Editor Ourinhos Online