Operação da PF bloqueia R$ 20 milhões e apreende Porsche do prefeito bolsonarista de Sorocaba
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (10) a Operação Copia e Cola, que apura o desvio de recursos públicos na área da saúde em Sorocaba (SP). Um dos principais alvos da investigação é o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido por sua forte ligação com o bolsonarismo e por sua atuação midiática nas redes sociais. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em sua residência e na sede da Prefeitura de Sorocaba.
De acordo com a PF, a investigação teve início em 2022 após a suspeita de fraudes na contratação de uma Organização Social (OS) para a gestão de unidades de saúde no município. Os indícios apontam para um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro, peculato, frustração de licitação e contratação ilegal, entre outros crimes. As movimentações ilícitas envolveriam depósitos em espécie, pagamento de boletos e aquisições imobiliárias para ocultação de capitais.
R$ 20 milhões bloqueados e Porsche apreendido
Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu dinheiro em espécie escondido em cofres e caixas de papelão, além de bloquear até R$ 20 milhões em bens e valores dos investigados. Um carro de luxo da marca Porsche, avaliado em cerca de R$ 700 mil, também foi recolhido. A magnitude do esquema chama atenção e reforça os alertas em todo o estado de São Paulo sobre a gestão de recursos públicos na área da saúde.
Ao todo, mais de 100 policiais federais cumpriram 28 mandados de busca e apreensão em 13 cidades paulistas e uma na Bahia. Além de Sorocaba, as diligências ocorreram em Santa Cruz do Rio Pardo, Itu, São Bernardo do Campo, Santo André, São Paulo, entre outras.
Manga alega “politização” e cita “forças ocultas”
Em entrevista à CNN, Rodrigo Manga afirmou que a operação tem motivação política. Segundo ele, agentes da PF levaram seu carro e celular, mas “não encontraram nada além de bolo de cenoura, Nutella e brinquedos do filho”. A Prefeitura de Sorocaba, em nota, alegou que a operação ocorre em um momento de “grande projeção” do prefeito e citou a ação de “forças ocultas” contra políticos que “se levantam como alternativa ao sistema”.
A declaração causou estranhamento e críticas nas redes sociais, sobretudo pelo fato de que a própria PF confirmou a apreensão de valores em dinheiro e bens de luxo nas residências dos investigados.
Reflexos em Ourinhos: secretário de Saúde tem histórico semelhante
A operação em Sorocaba acende um alerta também em Ourinhos, onde o atual secretário municipal de Saúde, Diego Singolani, foi nomeado pelo prefeito Guilherme Gonçalves (PSD) mesmo tendo atuado como prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo em uma gestão também investigada por irregularidades na área da saúde.
A escolha de Singolani para um dos cargos mais sensíveis da administração pública municipal gerou críticas e preocupação em parte da sociedade civil e da oposição. Sua proximidade com o prefeito Guilherme Gonçalves, com quem frequentemente aparece em eventos oficiais, como a entrega recente de ambulâncias, evidencia uma aliança política e estratégica dentro do atual governo.
Embora não haja investigação em curso contra a gestão de Ourinhos, a nomeação de alguém com histórico polêmico e ligado a administrações sob suspeita sinaliza uma possível blindagem política e levanta questionamentos sobre os critérios adotados para ocupação de cargos públicos de confiança.
O que está em jogo
Em um momento em que a Polícia Federal intensifica a vigilância sobre a destinação de recursos federais na saúde, principalmente via Organizações Sociais, a população espera transparência, lisura e responsabilidade administrativa. Casos como o de Sorocaba reforçam a importância de critérios técnicos e éticos para ocupação de cargos estratégicos, principalmente em áreas tão sensíveis quanto a saúde pública.
A expectativa agora é de que o Executivo ourinhense se manifeste com clareza e firmeza sobre sua política de nomeações, demonstrando compromisso com a boa gestão e com os interesses da população. Afinal, a saúde não pode ser moeda de troca política — e a história recente mostra que os danos de escolhas erradas são pagos pela população mais vulnerável.
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