Crítica à gestão educacional em São Paulo: a pressão do desempenho e o despreparo do governo
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A condução do processo educacional em São Paulo, sob a liderança do governador Tarcísio de Freitas e do secretário de Educação, Renato Feder, tem gerado preocupações significativas entre educadores e especialistas. Recentemente, Feder anunciou que diretores de escola e dirigentes regionais perderão seus cargos caso não atinjam as metas de desempenho estabelecidas pelo governo. “Se não subir [a nota da avaliação], tchau. Não bateu a meta, tchau”, afirmou o secretário, evidenciando uma abordagem punitiva que ignora as complexidades do ambiente escolar.
Essa postura revela um despreparo alarmante em relação às necessidades reais da educação. As plataformas digitais, que custam milhões aos cofres públicos, são apresentadas como soluções milagrosas, mas, na prática, transformam-se em ferramentas de pressão. Professores e diretores são incentivados a focar em números e métricas, enquanto a qualidade do ensino fica em segundo plano. O que importa, segundo essa lógica, é gerar dados que demonstrem acesso e uso, sem considerar se esses recursos realmente contribuem para a formação dos alunos.
Para os estudantes, a situação é igualmente preocupante. A ênfase em resultados quantitativos promove um ambiente em que reflexões, construções coletivas e o verdadeiro processo de aprendizagem são substituídos por uma busca incessante por respostas prontas. O que deveria ser uma jornada de descoberta e conhecimento transforma-se em uma corrida para clicar e cumprir metas, criando a ilusão de que algo está sendo feito.
As escolas, que deveriam ser centros de produção de conhecimento, estão se tornando verdadeiros coliseus, onde a autonomia, a liberdade e a qualidade do ensino são sacrificadas em nome de ações que pouco têm a ver com os princípios republicanos. Essa abordagem não apenas desvaloriza o trabalho dos educadores, mas também compromete o futuro dos alunos, que merecem uma educação que os prepare para os desafios do mundo real — e não apenas para os números em uma planilha.
É urgente que a gestão educacional em São Paulo repense suas prioridades. A educação não pode ser reduzida a uma mera questão de desempenho e metas. É necessário investir em formação continuada para os educadores, em recursos que realmente façam a diferença nas salas de aula e em políticas que valorizem a construção do conhecimento de forma significativa. Somente assim será possível transformar as escolas em espaços verdadeiramente educativos, onde a autonomia e a qualidade sejam respeitadas e promovidas.
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