Consentimento voluntário e traição da pátria

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No último 7 de setembro, dia da Pátria brasileira, presenciamos uma cena alarmante: apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram as ruas empunhando a bandeira dos Estados Unidos. Essa demonstração de fervor por uma nação estrangeira não é apenas uma estranheza, mas um sinal preocupante das ideias que permeiam o atual cenário político brasileiro.

A Doutrina Monroe, parte da política isolacionista dos Estados Unidos datada de 1823, foi criada pelo presidente James Monroe com o intuito de afastar qualquer pretensão europeia de recolonização da América, em um momento em que o Velho Continente se reorganizava após as guerras napoleônicas. Com um lema dúbio — “A América para os americanos” —, a mensagem não era de respeito à autonomia dos recém-independentes países americanos, mas sim um indicador das intenções intervencionistas dos Estados Unidos.

Ademais, o conceito de Destino Manifesto reflete o desejo expansionista estadunidense, expressando a ideia de supremacia do povo anglo-saxão sobre os demais. Essa crença, inspirada no puritanismo protestante, sustentava que esse povo era escolhido por Deus para cumprir uma missão na “América”. A alusão bíblica à saga do povo hebreu, também escolhido por Deus em busca da Terra Prometida, é evidente.

Colocando essa crença em prática, os indígenas do Oeste foram aniquilados e os povos adjacentes, subjugados, enquanto os territórios eram tomados para constituir o que hoje conhecemos como Estados Unidos da América.

Diante disso, ver a bandeira dos EUA nas manifestações bolsonaristas, carregada com júbilo e orgulho por brasileiros, é um sinal de que essas ideias ainda estão presentes em nossos dias. É como se esses cidadãos consentissem, em nome de algo que nem eles compreendem, em serem subjugados e aniquilados. É um consentimento voluntário: “Venham, nos dominem, tornem-nos seus escravos; seja feita a vossa vontade. Matem-nos se preciso for.”

A contradição desses atos se torna ainda mais evidente quando observamos que são realizados por pessoas que se dizem “patriotas”, que se envolvem na bandeira brasileira, vestem verde e amarelo e carregam a bandeira de Israel, mas clamam por uma intervenção de outra nação, fazendo valer suas leis e desejos, colocando nossas riquezas à disposição de interesses estrangeiros. Se isso não é traição, a semântica precisa encontrar outro significado.

Fica a indignação de milhões que não se deixaram dominar por tamanha subserviência e a esperança de que, um dia, aqueles que hoje saíram às ruas empunhando as bandeiras dos EUA e de Israel possam romper esse transe hipnótico e voltar a ser brasileiros. É fundamental que o patriotismo verdadeiro prevaleça e que possamos construir um país que valorize sua soberania e seus cidadãos.

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Editor Ourinhos Online