Atos contra anistia e blindagem superam 7 de Setembro bolsonarista nas ruas e nas redes
Compartilhe
Os protestos realizados no domingo (21) contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia reuniram mais pessoas e tiveram maior repercussão digital do que as manifestações bolsonaristas do 7 de Setembro. Convocadas após a aprovação das duas propostas na Câmara dos Deputados, as mobilizações tomaram as ruas de todas as capitais brasileiras e mostraram que a esquerda, ainda que de forma pontual, conseguiu superar a força digital da direita, que vinha dominando o debate nos últimos meses.
De acordo com levantamento da empresa Palver, que monitora mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp, o engajamento em torno das manifestações do dia 21 ultrapassou o registrado nos atos bolsonaristas realizados duas semanas antes. Até as 18h de domingo, a cada 100 mil mensagens trocadas na plataforma, 865 faziam referência aos protestos contra a anistia e a blindagem, contra 724 menções durante as mobilizações da direita.
O avanço da PEC da Blindagem, vista por críticos como um símbolo de impunidade, impulsionou a adesão popular. Termos como “bandidagem” e “corrupção” circularam de forma intensa nas conversas virtuais.
Artistas fortalecem mobilização
A presença de nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram no Rio de Janeiro, foi determinante para ampliar o alcance das convocações. Os shows funcionaram como chamariz para públicos mais diversos, permitindo que a mobilização ganhasse dimensão nacional e extrapolasse os grupos tradicionalmente ligados à militância.
Redes sociais: esquerda em vantagem temporária
Embora a direita mantenha fluxo constante de mensagens e engajamento em suas redes, os protestos do dia 21 inverteram a tendência, alcançando 60% das interações no WhatsApp no auge da mobilização.
O monitoramento também revelou que as críticas à PEC da Blindagem não pouparam nem mesmo parlamentares do PT: oito deputados do partido votaram favoravelmente à proposta, contrariando a orientação da liderança. Listas com os nomes desses parlamentares circularam em grupos de esquerda, acompanhadas de mensagens de repúdio e até pedidos de expulsão.
Ainda assim, o foco principal das críticas recaiu sobre integrantes do Centrão e da direita bolsonarista, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Virada no debate digital
Até o dia 18, as mensagens favoráveis à anistia dominavam entre 70% e 90% do debate no WhatsApp. Após o avanço da PEC, a curva se inverteu: as críticas cresceram e chegaram a corresponder a 60% das interações no ponto mais alto das manifestações.
Embora a direita siga como a principal força no ambiente digital, os protestos de domingo revelaram que a insatisfação popular contra a blindagem parlamentar e a anistia tem potencial para unir diferentes setores em um movimento de massa.
Apoie o Ourinhos.Online⬇️
https://apoia.se/ourinhosonline