Tempo integral ou tempo fechado? A pedagogia da ansiedade nas escolas públicas

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Em Pernambuco, o modelo de escola em tempo integral tem sido amplamente promovido como uma das principais soluções para os problemas da educação pública. O discurso oficial costuma apontar a experiência pernambucana como um exemplo de sucesso nacional, associando-a à inclusão, à elevação do rendimento escolar e à formação cidadã.

No entanto, o que se observa na prática dentro de muitas dessas instituições revela uma realidade bastante diferente. Jornadas exaustivas, salas superlotadas, ausência de espaços de socialização e a supressão de atividades artísticas e esportivas fazem parte do cotidiano de estudantes e professores. O currículo, por sua vez, é descrito como rigidamente conteudista e pouco aberto ao diálogo com as realidades juvenis.

De acordo com o artigo “A pedagogia da ansiedade nas protoprisões escolares”, publicado pelo Le Monde Diplomatique Brasil e assinado por Rick Afonso-Rocha, doutor em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), esse modelo, longe de representar um espaço de emancipação e formação crítica, acaba se configurando como um mecanismo de controle e vigilância das subjetividades juvenis.

“Trata-se de uma máquina de produção de subjetividades quebradas”, afirma o autor, ao criticar o ambiente escolar que, em vez de acolher e estimular o pensamento crítico, gera ansiedade e adoecimento entre os jovens.

A reflexão proposta pelo pesquisador convida à revisão urgente das práticas pedagógicas e das condições estruturais das escolas, para que o tempo integral possa, de fato, ser um espaço de desenvolvimento humano e não de confinamento psicológico.

📚 Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil — “A pedagogia da ansiedade nas protoprisões escolares”, por Rick Afonso-Rocha. Publicado em https://diplomatique.org.br/a-pedagogia-da-ansiedade-nas-protoprisoes-escolares/

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Editor Ourinhos Online