Preso por Israel durante missão humanitária, Thiago Ávila é libertado e já está a caminho do Brasil
Ativista brasileiro foi detido ao participar da Flotilha da Liberdade, que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza; governo brasileiro condena prisão e denuncia repressão
Após quatro dias de prisão em Israel, o ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, foi libertado nesta quinta-feira (12) e está sendo deportado de volta ao Brasil. A informação foi confirmada pela ministra Gleisi Hoffmann (PT), da Secretaria de Relações Institucionais, que declarou em nota: “Thiago já está embarcado a caminho do Brasil”.
A prisão de Ávila, assim como a de outros ativistas que tentavam levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, foi duramente criticada pela ministra: “A prisão dele e dos ativistas que foram impedidos de levar ajuda humanitária a Gaza foi mais uma violência do governo de Netanyahu. Toda solidariedade ao povo palestino.”
Interceptado em águas internacionais
Thiago participava da Flotilha da Liberdade, uma expedição internacional formada por ativistas de vários países, que buscava romper simbolicamente o bloqueio humanitário imposto por Israel à Faixa de Gaza. A embarcação do grupo, o veleiro Madleen, navegava em águas internacionais no Mar Mediterrâneo quando foi interceptada pela marinha israelense, ainda na madrugada da última segunda-feira (9).
A bordo, estavam 12 militantes, incluindo Ávila, que atuava como coordenador da missão. Todos foram detidos e levados para território israelense.
A ação militar gerou críticas de organizações internacionais de direitos humanos. Segundo o Centro Jurídico Adalah, que atua na Palestina ocupada, a prisão do grupo foi arbitrária e violou princípios do direito internacional, já que a interceptação ocorreu fora das águas territoriais de Israel.
Greve de fome, maus-tratos e isolamento
Durante os dias em que esteve preso, Thiago Ávila iniciou uma greve de sede e de fome como forma de protesto contra a detenção. Na quarta-feira (11), ele foi transferido para uma cela solitária, o que, segundo sua advogada, representou uma forma de retaliação por seu papel de liderança na missão humanitária.
De acordo com relatos da defesa, houve restrições de acesso aos advogados, e os ativistas sofreram maus-tratos, incluindo privação de sono, de alimentação e de água potável. A equipe jurídica também denunciou as condições precárias das celas e a tentativa de silenciar os detidos por meio do isolamento forçado.
O caso expõe não apenas a repressão às iniciativas civis de solidariedade internacional, mas também o agravamento da crise humanitária em Gaza, que continua sob bloqueio há anos, enfrentando escassez de alimentos, medicamentos e infraestrutura básica.
Missão interrompida, solidariedade reafirmada
A Flotilha da Liberdade é um movimento internacional que há mais de uma década realiza missões para desafiar o bloqueio israelense e entregar ajuda humanitária diretamente à população palestina. A iniciativa tem caráter simbólico e político, buscando pressionar a comunidade internacional a se posicionar contra as restrições impostas por Israel.
A prisão de Thiago Ávila e de seus companheiros reacende o debate sobre a legalidade do bloqueio à Faixa de Gaza e sobre o papel da sociedade civil global diante de violações de direitos humanos. Embora a missão tenha sido interrompida pela repressão militar, ativistas e apoiadores ao redor do mundo reafirmam o compromisso com a solidariedade e a resistência pacífica.
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