Fotos.

Das ternas lembranças, me lembram as fotos.
As que de mim tiraram, as de quem tirei, as fotografias escondidas em álbuns empoeirados como se fossem relíquias valiosas a ponto de nunca serem tocadas. Lembro-me das feições que fiz quando não queria flashes desbotados ou sinceros demais. Recordo de momentos nos quais as imagens foram imprescindíveis com a resposta do meu não; instantes tão lindos e tão preciosos que uma bela foto jamais conseguiria guarnecer. A existência do retrato nos tira a expectativa da experiência vivida por segundos que não retornarão.
Talvez, ela seja a última.
Para quem nos guarda em fotografias, álbuns empoeirados ou em cima de um móvel qualquer, belo seria transportá-los ao imenso e profundo caminho do coração. Mas não sejamos tolos ao pensar que a fotografia fala e sorri como aquele dia ou noite, como aquela pele, aquele abraço ou aquele cheiro que nenhuma imagem possui: o amor que ali esteve, a intenção nele posta. O ego da memória teima em esquecer que somos mortais, ainda que haja um sorriso saudoso e colorido guardado por aí sem a voz e a personalidade ímpar do diamante que está e não está, do que foi e ficou: a foto.
Não vem ao caso se sorrimos, se choramos ou fechamos o semblante a uma foto: a imagem que permanece é o momento no qual éramos a joia valiosa a ser retratada que ali não mais se encontra, mas, de certa forma, é presente do passado, é o encontro do futuro em um reencontro com uma lembrança que vive para sempre e que pode ressurgir, daqui a um pouquinho, em carne e osso.
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