Ex-delegado morto com mais de 20 tiros: São Paulo sem rumo

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O delegado-geral de São Paulo, Arthur Dian, confirmou que criminosos efetuaram mais de 20 disparos durante o atentado que vitimou o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, de 68 anos, na noite desta segunda-feira (15), em Praia Grande, no litoral sul do Estado.

Segundo Dian, os tiros atingiram grande parte do corpo da vítima. No local do crime, foram encontrados carregadores de fuzil, reforçando a brutalidade da execução.

O atentado ocorreu por volta das 18h, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim. Fontes foi perseguido por criminosos, teve seu carro atingido por um ônibus e, em seguida, foi executado a tiros. Um homem e uma mulher que passavam pela via também foram baleados, mas estão fora de perigo.

“Bandidos sabem onde moro”: ex-delegado temia o PCC e a segurança da família

O ex-delegado já havia manifestado preocupação com a própria segurança e a de sua família, após décadas de enfrentamento ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em dezembro de 2023, depois de sofrer um assalto no litoral paulista, declarou em entrevista ao Estadão:

“Eu combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro.”

Na ocasião, ele e a esposa foram abordados ao sair de um restaurante. Armados, criminosos levaram celulares, cartões, joias e uma moto do casal. Os suspeitos foram presos em flagrante e os bens recuperados.

Não foi o único episódio de violência. Em maio de 2022, Fontes também foi alvo de uma dupla de assaltantes na zona sul da capital paulista, mas os criminosos desistiram da ação ao perceber que o carro dirigido por ele era blindado.

Carreira marcada pelo combate ao crime organizado

Durante sua trajetória de mais de quatro décadas na Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes esteve à frente de investigações decisivas contra o PCC. Como delegado do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), comandou operações que resultaram no indiciamento de Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, além de outros líderes da facção. Também responsabilizou a esposa de Marcola por lavagem de dinheiro.

Entre 2019 e 2022, chefiou a Polícia Civil de São Paulo, indicado pelo então governador João Doria (PSDB). Passou ainda pelo Denarc (Departamento de Narcóticos) e pela Divisão de Homicídios.

Desde 2023, exercia o cargo de secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande.

Linha de investigação

A execução em via pública, com tamanha violência, escancara a ousadia do crime organizado e reacende o debate sobre a fragilidade da segurança no Estado.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a motivação do crime, investigando se a morte foi resultado de vingança do PCC ou se estaria relacionada à atuação recente de Fontes na prefeitura.

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Editor Ourinhos Online