Após depoimento, Bolsonaro volta a atacar o STF e chama processo de “farsa”

Ex-presidente sobe o tom nas redes sociais e diz ser vítima de perseguição política; delação de Mauro Cid e prisão de aliados são alvos de críticas
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e os desdobramentos das investigações que apuram uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em publicação nas redes sociais, nesta sexta-feira (13), ele classificou o processo como uma “farsa” e voltou a se posicionar contra a delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
A manifestação ocorre dois dias após Bolsonaro prestar depoimento ao STF, no qual adotou tom mais moderado, chegou a se desculpar com o ministro Alexandre de Moraes e até fez uma brincadeira sugerindo que o magistrado poderia ser seu vice nas eleições de 2026. A postura, considerada recuada por seus próprios apoiadores, gerou críticas e o rótulo de “frouxo” nas redes sociais bolsonaristas.
Acusação de “caça às bruxas”
No texto publicado no Instagram, Bolsonaro elevou o tom contra o Judiciário e acusou o STF de conduzir um processo de perseguição. “A ‘trama golpista’ é uma farsa fabricada em cima de mentiras. Um enredo montado para perseguir adversários políticos e calar quem ousa se opor à esquerda”, escreveu.
O ex-presidente se referiu diretamente às mensagens atribuídas a Mauro Cid, divulgadas pela revista Veja. Segundo a reportagem, Cid teria afirmado a um interlocutor que Bolsonaro não participou de nenhuma tentativa de golpe e que “não iria fazer nada” após a derrota nas eleições de 2022.
Diante disso, Bolsonaro defendeu que a delação premiada de Cid seja anulada, classificando o acordo como parte de um “processo movido por vingança, não por verdade”. “Isso não é justiça. É perseguição. É uma caça às bruxas contra mim e contra os milhões de brasileiros que eu represento”, declarou.
Defesa de aliados e apelo público
Bolsonaro também voltou a pedir a libertação do general Walter Braga Netto, seu ex-candidato a vice-presidente e aliado próximo, preso desde 2023 no âmbito das investigações da trama golpista. “Braga Netto e os demais devem ser libertados imediatamente”, afirmou.
No final da publicação, fez um apelo à sociedade, ao Congresso Nacional e à imprensa: “Apelo à consciência dos brasileiros, das instituições, dos parlamentares e da imprensa séria: reflitam sobre o preço dessa escalada autoritária. Chega dessa farsa. Não se constrói um país sobre mentiras, vingança e arbítrio”, concluiu.
Depoimento marcado por recuos
Durante o depoimento prestado ao STF na última terça-feira (10), Bolsonaro tentou minimizar sua participação nos episódios investigados. Procurou descolar sua imagem de reuniões com comandantes das Forças Armadas e da elaboração da minuta de decreto que previa uma ruptura institucional.
A postura adotada gerou desconforto entre seus apoiadores, que, nas redes sociais, passaram a criticá-lo duramente. Muitos classificaram sua atuação como uma demonstração de fraqueza e cobraram uma postura mais firme contra as instituições.
Investigação segue em curso
As investigações que envolvem Bolsonaro, militares e ex-integrantes do governo seguem em sigilo no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As delações, cruzamento de provas e novos depoimentos serão fundamentais para os próximos passos da investigação, que poderá resultar em denúncias formais ou arquivamento de partes do processo.
O clima político segue tenso em Brasília, com impactos tanto no meio jurídico quanto no cenário eleitoral de 2026.
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