Abuso infantil: quando o perigo mora dentro de casa

Caso no Amazonas reforça alerta sobre a realidade do abuso infantil e a importância da prevenção e da denúncia.

Um caso de extrema gravidade ocorrido no estado do Amazonas reacende um alerta urgente para toda a sociedade: na maioria dos casos, o abuso sexual contra crianças não parte de desconhecidos, mas de pessoas próximas, dentro da própria família ou do convívio social da vítima.

A denúncia veio à tona de forma comovente e corajosa. Durante uma palestra sobre prevenção ao abuso sexual infantil na escola, uma menina de apenas 10 anos entregou uma carta onde relatava os horrores que vivia há anos. Na carta, a criança desabafa:

“Eu não me sinto bem por causa disso, já passei mal, falei coisa com coisa e até desmaiei. Não sentia vontade de comer, até que resolvi contar meu peso com alguém (sic)”.

A criança revelou ter sido vítima de abuso sexual desde os seis anos de idade. Segundo a Polícia Civil, os autores dos crimes são justamente pessoas que deveriam zelar por sua proteção: o padrasto, de 36 anos; o tio, de 37; e um motorista da lancha escolar, de 54 anos. Todos foram presos. Além disso, as investigações apontaram que ela também teria sido estuprada pelo próprio irmão e por um primo, ambos ainda sob apuração.

O relato é devastador, mas infelizmente não é um caso isolado no Brasil. A própria investigação confirmou que os abusos começaram quando o companheiro da mãe da criança a violentou pela primeira vez, aos seis anos. A partir daí, a vítima passou a viver um ciclo constante de violência, silêncio e sofrimento.

O perigo, na maioria das vezes, não está na rua. Está dentro de casa.

Este caso traz à tona uma realidade frequentemente ignorada ou silenciada: mais de 70% dos casos de abuso sexual infantil no Brasil ocorrem dentro de casa, praticados por pessoas conhecidas, como pais, padrastos, tios, irmãos, primos, vizinhos ou pessoas próximas da família.

Por isso, é fundamental que pais, responsáveis, professores e toda a comunidade estejam atentos a sinais de sofrimento nas crianças. Mudanças bruscas de comportamento, queda no rendimento escolar, isolamento, agressividade, distúrbios alimentares e medo excessivo de determinadas pessoas são alguns dos sinais que podem indicar que algo está errado.

Falar sobre abuso salva vidas. O silêncio protege apenas o agressor.

A coragem dessa menina em relatar os abusos serve de exemplo e, mais do que isso, como alerta. É fundamental que haja espaços seguros, tanto na escola quanto em casa, para que as crianças se sintam ouvidas, acolhidas e protegidas.

Além disso, é essencial reforçar nas campanhas educativas e de prevenção que, ao contrário do que muitas vezes se imagina, o abuso não acontece, na maioria dos casos, por parte de desconhecidos, mas sim de pessoas em quem a família confia.

📢 Se você presenciar ou suspeitar de qualquer tipo de violência contra crianças ou adolescentes, denuncie!
• 📞 Disque 100 — Direitos Humanos
• 🚓 Delegacia mais próxima
• 📱 Aplicativos e canais de denúncia anônima, disponíveis em vários estados.

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Editor Ourinhos Online