Afinal, você é de direita ou de esquerda? – Por Maurício Saliba

Nunca se discutiu tanto sobre direita e esquerda. E, nunca tivemos tantos “especialistas” de porta de buteco em política. Mas, vamos tentar sair dessa superficialidade e definir alguns critérios que realmente separam os dois lados.
Não dá para dividir a esquerda e a direita com conceitos como: “a favor ou contra a família”; “a favor ou contra a liberação do aborto e das drogas” e por aí vai. Esses são apenas chavões que dividem progressistas e conservadores, mas que, na prática, todos nós temos um pouco dos dois. Tenho amigos, por exemplo, que votam na esquerda e são radicalmente contra o aborto e a liberação de drogas. E o contrário também acontece. Parece que somos mais complexos do que um simples rótulo de “direita” ou “esquerda”.
Agora, a extrema direita, essa sim, usa desses temas de forma covarde para amedrontar a população e manipular votos. É a mesma fábula do lobo mau, mas contada para adultos infantilizados: “A Globo e a esquerda querem destruir as famílias para tomar o poder”. Eles transformam essas historinhas maniqueístas em discursos para adultos desinformados. E o pior: funciona! Esses puritanos da extrema direita são contra o aborto… até descobrirem que a secretária dele está grávida. A hipocrisia nunca falha. E claro, esse ódio irracional aos homossexuais, ah, Freud que explique. Mas, fique tranquilo, a esquerda pode até ser “complacente” com minorias, mas nunca teve intenção de destruir sua família, ao contrário, se há algo que querem é garantir a sua sobrevivência em um mundo menos desigual.
Então, caro leitor, não são esses temas superficiais que dividem a esquerda da direita. O que realmente as separa é a visão sobre os problemas econômicos. Vamos lá, vamos cortar a cortina do espetáculo e falar a verdade: os bens necessários para a vida – terra fértil, alimentos, água, combustível – são escassos. E se todo o mundo vivesse como os Estados Unidos, precisaríamos de cinco planetas. O problema não é se o pronome neutro ou o aborto vai acabar com a fome, mas como vamos dividir os bens essenciais para a vida de maneira mais justa.
A direita acredita que o mercado é o “grande justiceiro”, o sistema perfeito e imune a falhas. Deixe o mercado agir livremente, o liberalismo e pronto, o mais forte vencerá. Mas, quem acompanha o jogo, sabe que isso nunca funcionou. O “mercado” é um deus insensível, que se alimenta da acumulação e ignora a miséria. Na extrema direita, temos os libertários que preveem o fim do Estado e de qualquer intervenção em seu “deus mercado”. Falar em saúde pública, escolas públicas, leis trabalhistas? Isso é coisa do passado. Ótimo para os ricos, que não precisam dessas coisas. Eles podem comprar o que quiserem, e você que se vire.
Já a esquerda acredita que o mercado não é justo. E está longe de ser a solução. Pode até ter seus méritos, mas se deixado à própria sorte, se transforma num monstro que se alimenta da desigualdade e da miséria. A esquerda defende que o Estado deve intervir e regular o mercado, para garantir que os menos favorecidos tenham um mínimo de dignidade. Claro, existem várias vertentes dentro da esquerda, não há um monolito, assim como na direita. Mas a ideia básica é que o Estado deve cuidar de quem o mercado ignora: o pobre, o improdutivo, aqueles que não têm valor mercantil, mas que ainda assim merecem ter sua sobrevivência garantida.
Na extrema esquerda, a proposta é mais radical: superar o capitalismo e criar um mercado socialista, onde a cooperação prevalece sobre a competição. Para os empobrecidos, isso seria uma excelente notícia.
No fim, uma coisa é matemática: quando você vota na direita, está votando por mais liberdade econômica e, consequentemente, mais desigualdade. Quando você vota na esquerda, está votando por mais igualdade e, sim, menos liberdade econômica. Essa é a escolha real, e não a conversa fiada sobre quem quer destruir sua família.

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Editor Ourinhos Online