Redução de R$ 9 bilhões na educação: escolas sem ventilação, outras alagadas – abandono estrutural

Com proposta de corte de recursos, escolas públicas de São Paulo enfrentam abandono em infraestrutura, resultando em cancelamento de aulas e condições precárias para alunos e educadores.

O anúncio do governador Tarcísio de Freitas sobre a redução de até R$ 9 bilhões no orçamento destinado à educação em São Paulo levanta sérias preocupações sobre o futuro das escolas públicas no estado, já fragilizadas pela falta de investimentos em infraestrutura. Especialistas, educadores e sindicatos têm alertado para o impacto de uma medida que pode agravar ainda mais o abandono estrutural das unidades de ensino, comprometendo a qualidade da educação e a segurança dos alunos.

A proposta, que visa redirecionar recursos da educação para a saúde, gerou um forte movimento de resistência entre professores, alunos e entidades do setor, que questionam a lógica de cortar investimentos essenciais em áreas já precarizadas. As escolas estaduais, que enfrentam problemas de ventilação, alagamentos e falta de materiais adequados, são as mais afetadas. Em algumas delas, o calor insuportável e as condições inadequadas de salas de aula têm levado a cancelamentos de aulas, comprometendo o calendário escolar e o aprendizado dos estudantes.

O Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) destacou, em suas manifestações, que a redução do orçamento pode agravar ainda mais a situação de escolas que, em muitos casos, já não conseguem fornecer condições mínimas de infraestrutura. Alagamentos em salas de aula, que ocorrem toda vez que chove, são apenas um exemplo do descaso com a educação pública no estado. A falta de ventiladores, ventilação natural e até mesmo de redes hidráulicas adequadas tem tornado a experiência escolar insustentável, prejudicando diretamente o rendimento dos estudantes.

O abandono das escolas vai além das condições físicas. A falta de profissionais de apoio, como psicólogos, assistentes sociais e educadores especializados, tem gerado um impacto direto na qualidade do ensino e na saúde emocional de alunos e professores. Para muitos, o corte de R$ 9 bilhões é um golpe certeiro em uma educação já em crise.

Especialistas em educação alertam que a medida pode ser um retrocesso para o desenvolvimento do estado, que, além de perder recursos essenciais para o funcionamento das escolas, comprometerá ainda mais as chances de uma educação inclusiva e de qualidade. A Defensoria Pública de São Paulo classificou a proposta como “inconstitucional” e criticou a falta de estudos que demonstrem como o corte afetará o futuro dos alunos paulistas.

O debate sobre a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que propõe essa redução orçamentária ainda está em andamento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Enquanto isso, a pressão aumenta. No dia 20 de fevereiro, um ato convocado pelo sindicato dos professores promete ocupar as ruas para protestar contra a proposta, exigindo que o governo reverta o corte e invista na melhoria das condições de ensino, infraestrutura e valorização dos profissionais da educação.

Sem um futuro garantido para a educação pública em São Paulo, o risco é claro: a redução de recursos pode acirrar ainda mais as desigualdades, ampliando o fosso entre escolas de áreas mais pobres e aquelas com mais recursos. A luta pela manutenção de um orçamento justo para a educação segue sendo uma batalha crucial para garantir um futuro digno para os estudantes paulistas e a qualidade do ensino no estado.

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Editor Ourinhos Online