A hora da empatia: como a Dinamarca ensina bondade nas escolas
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Há mais de três décadas, as escolas da Dinamarca cultivam a empatia como parte do currículo oficial — e mostram que sociedades mais felizes podem ser construídas desde a infância.
Desde 1993, todas as escolas dinamarquesas reservam uma hora semanal para algo que não aparece nos currículos tradicionais de matemática, história ou ciências. O momento é chamado de Klassens tid — literalmente, “o tempo da turma”.
Trata-se de um espaço sem provas, sem notas, sem competições. Ali, o conteúdo é outro: a convivência, os sentimentos, os conflitos que precisam ser resolvidos sem violência. É a disciplina da empatia, transformada em lei há mais de 30 anos e considerada uma das inovações pedagógicas mais discretas e revolucionárias do mundo.
Uma lei para cultivar humanidade
A prática tem raízes no século XIX, mas foi oficializada em 1993, quando entrou na legislação educacional. A decisão política deixou claro que convivência democrática, cuidado mútuo e capacidade de escuta não são virtudes opcionais: são competências fundamentais, ensinadas com a mesma seriedade de álgebra ou gramática.
Enquanto em muitos países a lógica escolar valoriza competição e rankings, na Dinamarca a criança não disputa com o colega, mas consigo mesma. O resultado é perceptível: menos bullying, mais cooperação e gerações mais preparadas para lidar com frustrações e conviver em sociedade.
Professores como mediadores
O professor tem papel central nesse processo. Ele conduz a roda de conversa, estimula o diálogo e cria um ambiente de confiança. Um aluno pode compartilhar dificuldades, outro pode pedir desculpas, uma criança pode relatar problemas em casa. O aprendizado não é de fórmulas, mas de escuta e convivência.
Pesquisas mostram que essa prática gera turmas mais unidas, menos violentas e mais resilientes. Não por acaso, a Dinamarca aparece frequentemente entre os primeiros lugares no World Happiness Report.
O hygge como pedagogia
O termo dinamarquês hygge define a atmosfera que favorece esse aprendizado: acolhimento, segurança e bem-estar. Muitas vezes, as rodas de Klassens tid incluem bolo, chá quente e iluminação aconchegante — porque a empatia floresce em ambientes onde as pessoas se sentem à vontade.
Uma lição para o mundo
Para alguns, pode parecer “romântico demais” ensinar bondade nas escolas. Mas os resultados são claros: menos casos de assédio, maior integração e mais bem-estar social.
A Dinamarca mostra que a felicidade de uma nação não depende apenas de estatísticas econômicas, mas também da qualidade dos vínculos entre seus cidadãos.
Enquanto outros países buscam fórmulas para combater o bullying, reduzir a violência e enfrentar a solidão juvenil, os dinamarqueses apostam no óbvio, mas raro: uma hora por semana dedicada a ouvir, falar e compreender.
👉 A grande lição é que a bondade também se ensina — e, quando cultivada desde cedo, pode transformar não só trajetórias individuais, mas sociedades inteiras.
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