Novos casos de violência e até denúncia de tortura em escolas cívico-militares expõem o fracasso e a insegurança do modelo — mesmo assim, governo Tarcísio implanta projeto em Ourinhos

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Mesmo com um histórico repleto de denúncias gravíssimas em outros estados, como o Paraná, o governo de São Paulo, liderado por Tarcísio de Freitas, decidiu avançar com a implementação de escolas cívico-militares em sua rede pública estadual. E Ourinhos está entre os primeiros municípios a integrar o projeto. A Escola Estadual Justina de Oliveira Gonçalves inicia, já neste segundo semestre de 2025, a transição para o modelo, que vem sendo duramente criticado por especialistas, educadores e entidades de direitos humanos.

As críticas não são infundadas. Experiências anteriores, especialmente no Paraná — onde o atual secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, ocupou o mesmo cargo — resultaram em uma série de denúncias envolvendo violência física, assédio sexual, tortura e abusos de poder dentro das unidades de ensino militarizadas.

Em publicação nas redes sociais, o deputado estadual Tadeu Veneri (PT-PR) alertou para o que chama de “colapso pedagógico” do modelo.

“O modelo de escolas militarizadas destrói o senso crítico das crianças e jovens, trazendo consequências graves para o desenvolvimento psicológico e social. O argumento de que seriam ilhas de segurança e disciplina já caiu por terra diante da quantidade de escândalos registrados nas escolas militarizadas.”

As declarações do parlamentar baseiam-se na tese de doutorado da professora Merielle Camiro, da rede pública do Paraná, que analisou profundamente o processo de militarização e plataformização das escolas públicas naquele estado, sob o governo Ratinho Junior. Em sua análise, a introdução de práticas e códigos militares em ambientes escolares compromete a formação cidadã dos alunos e impõe uma lógica autoritária incompatível com a realidade civil.

“É extremamente nocivo para a formação crítica de toda uma geração de crianças a introdução distorcida de práticas militares e de seus códigos normativos, os quais, no passado, fundamentaram as bases do pensamento fascista”, afirmou Merielle em entrevista à APP-Sindicato.

Diante da gravidade dos relatos e do impacto negativo já observado em outros estados, a implantação do modelo em Ourinhos levanta uma série de questionamentos. Em vez de investir na valorização do magistério, na infraestrutura das escolas e em propostas pedagógicas inovadoras e democráticas, o governo estadual opta por um caminho marcado por repressão, censura e medo.

A comunidade escolar ourinhense — formada por pais, alunos, professores e servidores — tem o direito de ser ouvida. Afinal, trata-se de uma mudança profunda no ambiente educacional, com consequências diretas para o futuro das novas gerações.

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Editor Ourinhos Online