Pessoas – Por Paula Hammel
De vez em quando, me canso de pessoas. Parece que é mais cômoda a minha bolha, embora não seja o lugar mais alegre e bonito que eu gostaria de estar. Por vezes, preciso escrever para esquecer das pessoas – e o faço pensando nelas. Hoje estou cansada. De pessoas.
Todos os dias, eu interajo com elas, seja virtualmente, seja presencialmente. Há quem brote felicidade, há quem seja erva daninha.
Eu não aprendi a ter serenidade para repousar enquanto os outros vivem e eu penso milhões de coisas – e eis que metade disso não é asneira.
Pode ser que o maior incentivo do meu talento sejam elas, as ervas daninhas que acabo passando a tesoura com aviso prévio. Rendem belas crônicas e assunto “que passa”. Entendedores sempre entenderão. São pessoas.
Pessoas me cansam, entristecem, decepcionam, ajudam. Sim, me ajudam a enxergar o quanto necessito delas, de qual maneira e de como podemos manter uma relação segura, estável e distante.
Distância: já não me apavora como antes, já não me entristece como antes. Pessoas vão, pessoas ficam. As que permanecem, costumo deixar que façam morada – mesmo que eu acabe me arrependendo depois.
O arrependimento pode ser bonito, pois está acompanhado de lembranças mais bonitas ainda. Embora eu não seja museu, tenho minhas relíquias guardadas no consciente-nada-coletivo. Gosto dos meus amigos, familiares e apensos – embora sejam pessoas. Elas me irritam, incomodam, me trazem provações: sou extremamente grata por poder evoluir (e mandar pro inferno), de vez em quando, certas pessoas.
O problema é que a gente pensa que os outros são como a gente ou como a gente gostaria que eles fossem. É mentira? Antes fosse.
Que bom que erramos. Seria mais chato ter que lidar com pessoas tão perfeitas como a gente.
Pessoas são extremamente imperfeitas. Esse é um dos motivos pelos quais eu ainda não fechei totalmente a minha nada confortável bolha.
Paula Hammel
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