Pelo dia da Consciência Negra – Uma reflexão acerca da compreensão humana

Ao me questionar porque muitos se dão ao direito de conceber pré-conceitos, preconceitos e disparidades sociais, econômicas e humanas, acredito, fielmente, que a sociedade se encontra amplamente doente. Desqualificar uma pessoa pelo tom de sua pele, por suas origens e não querer compreender a magnitude que isso implica, no mínimo, é um absurdo patológico oriundo há séculos e que se mantém e ainda se propaga.
Não há muitos anos, desferir apelidos e piadas sem graça, não era considerado crime por racismo. Foi necessária a intervenção de uma população sofrida, angustiada e visada pelos “juízes” que a mantinham acorrentada à margens, segregada, excluída, abandonada. Quando o ser humano se der conta de que não é especial, mas pensante, representativo em seus atos e responsável por eles; quando depreender que o negro não teve as mesmas oportunidades, cedo precisou sair de casa, deixar para trás a escola, retardar sonhos e ainda pelear contra a inequidade, talvez, sendo aqui otimista,verdadeiramente, no mínimo, sentirá empatia.O sentimento que acima me refiro, não é sinônimo de pena, ou “de que pena”. A empatia, nesse contexto, é o racionalismo de um despertar tardio contra a ignorância, a ausência de conhecimento, o absolutismo de uma manada que nega, age por trás dos panos, do véu complacente e preconceituoso aos “diferentes”. O crime está nas esquinas, nas universidades, nos parques, na vizinhança, nos hospitais. O crime está em todo e qualquer espaço desprovido de evolução moral.
Recordo das palavras de José Fallero, escritor. Ele diz que é um escritor, negro; não um escritor negro. E que nunca uma vírgula fez tanta diferença.Quando o mundo descreverá a força de Fallero, Tenório, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo e o legado deixado por tantos que a mídia desconhece? Se hoje falamos fuxico, berimbau, quitute, quiabo e cangaço, legado deixado pelos africanos, e ainda somos moleques e andamos de gangorra, concluo, tristemente, que a guerra contra a estupidez.
o prejulgamento e a injustiça contra o negro, em todas as suas orbes, ainda perdurará. Batalhas já foram ganhas, mas não basta.
“Numa sociedade racista, não basta não ser racista.” Ângela Davis.

Paula Hammel

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Editor Ourinhos Online