O erro é uma grande construção
Repensando acerca do primeiro suspiro, analiso o erro. Ele é uma grande construção, vai além do aprendizado. Aprender é o processo que nos viabiliza restaurarmos concepções, aferir atos, momentos de dor ou de alegria. O aprendizado não mensura o desacerto enquanto procura destruí-lo. Pela complexidade da forma pela qual a vida nos se apresenta, há erros que não devemos destruir. E como lidar com eles? Não sei, não há como saber até que um dia eles se transformem em lição.
Eu já fui o grande engano, a lição, uma benção ou a insustentabilidade passageira na vida de alguém. Talvez eu ainda seja caminho, um exemplo a ser seguido, a paz ou o incômodo que precisa ir. Certa de que fiz o que me coube, ainda procuro fazê-lo. E sim, tenho todos os braços num abraço para se abraçar. Uma mulher forte, mas que necessita de mãos entrelaçadas que não a deixarão, mãos que lutam por sua presença, que lhe dão a devida atenção e que desejam estar por estar até no silêncio que amargura e tanto fala.
A existência é fluxo, energia e um punhado de decisões mal tomadas. Penso que muito errei por não me permitir aprender a reconstruir. Fechei os olhos e vivi, simplesmente. A gente não pode fazer vistas grossas e apenas viver por viver ou sobreviver. E, sendo dura, não se permitir apenas ao hoje como se fosse o último dia de vida. A gente deveria gozar a vida como se fosse o primeiro amanhecer; caminhar como o primeiro passo dado, falar como quando tentávamos dizer pequeninas palavras e não conseguíamos. Assim, carregaríamos menos dores e muito, muito mais lições que não mais se repetiriam.
Equivocar-se é necessário, é parte da flechada mal dada e que alguma coisa ceifou – vai e volta feito o bumerangue que atiramos sem pensar e que nos devolve a intenção posta na tentativa de acertar. No amor, também somos principiantes, porém, mesmo “sem” nos ferirmos tanto, dói. E não é pouco. Neste momento, penso que tenho pessoas e sentimentos a revisitar e a maneira como os uso quando refletem sobre mim. É hora de ser quem sou: a que confia, liberta, agradece e segue. É permitir que a corrente liberte, respeitando as demolições que não nos competem. As consequências são por conta do aluno, não do mestre.
Sentindo pequenas tristezas, me deu vontade de agradecer pelas aprendizagens que fortaleceram a resiliência que hoje possuo. Precisei levar-me à caverna moral da demolição para persistir e ser engenheira da própria existência. Como desafio, o Projetista Divino me chamou para mais uma avaliação. Quem aprecia sabatinas? Ninguém. Recebi, pra ontem, novos projetos. Lembrei da frase: “o que é que a vida vai fazer de mim?” E recordo ainda mais da minha: o que eu farei da vida? Sem pesares, culpas e arrependimentos, cometerei outros erros para uma posterior e imensa reconstrução.
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