Há quem nos queira, há quem não

Sentada no hospital, aguardando minha mãe poder sair, penso em quem nos quer e em quem não. Sobre mim, aprendi a me defender da vida e de quem se aproxima dela. Não deixo qualquer pessoa adentrar minha casa, meu espaço e meus segredos. Não os conto para um amigo qualquer, alguém conhecido que já se diz um grande companheiro ou para quem pode usá-los contra mim.

Carrego, internamente, a certeza de que gente que me quer verdadeiramente, não temerá meus defeito, embora, talvez, idealize uma Paula que não existe. E não irá, não mudará seu jeito e comigo conversará para que não se descarte o que é raro. Me atrevo a dizer que pode ser Divino: o querer de verdade.
Essa Paula é a pessoa que mais vi se entregar por aí: na escrita, nas suas próprias artes, por amigos e pessoas não tão amigas assim. A vida rende frutos amargos quando nos decepcionamos, mas que são digeríveis. O tudo passa é tão óbvio, tão pequeno etão repetitivo, que me nego a escutá-lo.
Fico feliz quando alguém me procura, aqueles que não apenas querem saber se estou bem. Gosto de conversar, da ternura que é saber que somos fortes juntos (as) e que jamais vamos nos separar. Tenho amizades de anos; sei a importância de se manter quem se gosta ao redor. Vou além: sei o quanto é especial eu validar quaisquer relações, regá-las, aparar as ervas daninhas que surgem e colar os cacos se nos quebrarmos. Cacos colados são as cicatrizes da imperfeição humana quando uma alma lida com outra completamente diferente da sua.
Há, todavia, quem não nos queira. Não é delito, não é cabível de punição. Não posso desejar a volta de quem se foi, pois esse alguém assim decidiu. Era o que essa pessoa tinha de melhor a oferecer naquele momento: a distância ou algo que não me importa mais.
Aprendi que não devo mais ser aquela que se entrega quando as relacões não parecem ser duradouras.
A minha culpa, como já dito, é ser a Paula que leva a sério os “alguéns” que lhe surgem pelo caminho e faz o que a ela cabe: ser sua própria verdade.
Por sorte, tenho em mãos uma tesoura afiada, que corta. Ela é a arma do egoísmo bom, o que nos enche de propriedade do amor que temos em nós para conosco. Há quem queira somar, há quem não queira. Precisamos, com urgência, diferenciá-los e nos afastarmos de tudo que não ressoa com o nosso bem maior.
Por fim, torço para que a verdade sempre apareça, cedo ou tarde. Além, que jamais nos olvidemos: sofrer por quem nos quer ou quem não, é perda de tempo, portanto, de vida.

Paula Hammel

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Editor Ourinhos Online