Aos que escrevem

Há quem diga que somos nossa escrita, que ela é uma língua mal falada posta ao vento e belíssima colocada em cada linha. Que por ela transcendemos e ascendemos sentimentos inofensivos da mente de quem mente, é verdadeiro e, ainda assim, recebe aplausos de críticas ou ovação.

Há, por trás de cada pensamento autoral, uma mescla de cascalhos, pó e cimento que levantam o muro das curiosidades alheias; há personagens de que nada temos, pouco sabemos, somos ou gostaríamos de ser; há histórias cunhadas pela criatividade que não vitima, mas que lidera as palavras que melhor cabem na via de mão única que é idealizar um punhado de vocábulos e trazê-los para si como (in) verdade absoluta.

Não há verdades ou mentiras, tampouco meras reflexões. Há guias, os ventos que sopram o perfume das rimas – sensações de causa e efeito que ditam todas as prosas escritas.

O alicerce é a pilastra, a estrutura de manuscritos que não caem, todavia, possuem a intenção de se debruçarem em colos que carinhosamente os recebam.

Somos, ademais, janelinhas enfeitadas e portas abertas. Vias de entrada, mas, principalmente, de saída.

Não nos cabe compreender a sabedoria de quem escreve, bem como o que dele emerge: quem lê é o grande sabedor, pois, então, que muito leia.

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Paula Hammel