5 VEZES EM QUE O OSCAR FOI DESARRAZOADO – Por Bruno Yashinishi
As expectativas em torno de “Ainda estou aqui” (2014), de Walter Salles, já estão à tona. Principalmente, quando se trata de nosso patrimônio nacional chamado Fernanda Torres. A premiação do Oscar 2025 está marcada para domingo, 02 de março. Como sabemos, o Oscar é a premiação mais prestigiada da indústria cinematográfica estadunidense (se tratando de Arte, passa longe uns bocados), mesmo assim, ao longo de sua história, a premiação tem sido palco de debates e discussões acaloradas sobre as escolhas feitas pela Academia.
Muitas vezes, a premiação se afastou de um juízo mais criterioso e justo, gerando discordâncias e frustrações no público e entre profissionais da área. A seguir, listamos 5 momentos em que o Oscar foi considerado desarrazoado, ou seja, quando as escolhas da Academia pareceram injustas, questionáveis ou até mesmo surpreendentes, à luz de critérios mais objetivos ou do clamor popular.
1. “Cidadão Kane” perde para “Como Era Verde o Meu Vale” (1942)
O aclamado “Cidadão Kane”, de Orson Welles, até hoje considerado por muitos o maior filme de todos os tempos, perdeu o prêmio de Melhor Filme para “Como Era Verde o Meu Vale”. A decisão gerou protestos de críticos e cineastas, já que o filme de Welles inovou em vários aspectos técnicos e narrativos, enquanto o vencedor foi um filme mais tradicional e conservador.
2. Os maiores diretores de todos os tempos jamais ganharam a estatueta. Exceto o Oscar Honorário (pelo conjunto da obra)
O lendário Alfred Hitchcock, responsável por obras-primas como “Psicose” e “Janela Indiscreta”, nunca foi agraciado com o prêmio de Melhor Diretor, embora tenha sido indicado diversas vezes. O mesmo aconteceu com Stanley Kubrick, diretor de “2001: uma odisseia no espaço” e de “Laranja Mecânica”; com Akira Kurosawa, o maior nome do cinema oriental, que dirigiu grandes filmes como “Os sete samurais” e “Rashomon”; e também com Charlie Chaplin que, apesar de sua enorme influência com obras como “Tempos Modernos” ou “O grande ditador”, nunca recebeu um Oscar competitivo por sua direção ou atuação.
3. Marlon Brando recusa o Oscar por “O Poderoso Chefão” (1973)
Marlon Brando, ao ganhar o Oscar de Melhor Ator por sua performance em “O Poderoso Chefão”, fez história ao recusar a estatueta como um protesto contra o tratamento dos nativos americanos em Hollywood. Embora sua atitude tenha gerado controvérsia, o gesto levantou um debate sobre a importância de reconhecer questões sociais e culturais dentro da premiação.
4. “A Forma da Água” vence Melhor Filme em 2018, deixando “Dunkirk” de Christopher Nolan para trás
Embora “A Forma da Água” seja um excelente filme de Guillermo del Toro, muitos consideraram que “Dunkirk”, um feito técnico impressionante de Christopher Nolan, merecia mais o prêmio de Melhor Filme, especialmente pela forma como o filme reimaginou o gênero de guerra.
5. Fernanda Montenegro: a maior marmelada do Oscar de Melhor Atriz
Fernanda Montenegro, uma das maiores atrizes da história do cinema brasileiro e mundial, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1999 por sua atuação em “Central do Brasil”, de Walter Salles. Sua performance, comovente e de grande profundidade, representou o Brasil de maneira admirável, trazendo uma complexidade emocional única ao personagem. No entanto, a vitória naquele ano foi para Gwyneth Paltrow, por sua interpretação em “Shakespeare Apaixonado”.
Esses são apenas alguns exemplos de momentos em que o Oscar foi alvo de críticas pela falta de justificativa sólida para suas escolhas. Por mais que a Academia tenha seu papel como guardiã dos “melhores” do cinema, muitas vezes as suas decisões podem parecer desconexas ou até mesmo desarrazoadas, levantando questões sobre os critérios adotados na hora de premiar a arte cinematográfica.
Esses “desarrazoamentos” revelam, muitas vezes, a dificuldade do Oscar em se ajustar ao constante progresso da arte do cinema e reconhecer os artistas e cineastas que realmente mudaram a história do meio. E, por mais que a premiação tenha seu papel, a contribuição dessas figuras ao cinema é, sem dúvida, imensurável, e sua importância vai muito além do brilho de uma estatueta dourada.
Esperamos que esse desarrazoamento não prejudique o Brasil este ano e, muito menos, nossa Fernanda Pikachu Torres. Que a falta de reconhecimento em edições passadas sirva como um alerta, mas não como um obstáculo para que, finalmente, o valor e o brilho de sua arte sejam reconhecidos.
Share this content: