Crise Humanitária em Gaza: Fome já mata mais do que os bombardeios, alerta OMS

Por Ourinhos.Online | 20 de maio de 2025

A crise humanitária na Faixa de Gaza atinge níveis catastróficos em 2024, segundo alerta recente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em relatório divulgado neste mês, a organização afirmou que a falta de acesso a alimentos na região já está causando mais mortes do que os próprios bombardeios israelenses.

Segundo dados da Classificação de Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC), 96% da população em Gaza enfrenta insegurança alimentar aguda. O norte do território vive o cenário mais dramático: a fome avança em ritmo alarmante, sendo classificada como “catastrófica” — a Fase 5 do IPC. Aproximadamente 133 mil pessoas estão em risco iminente de morte por desnutrição, enquanto 2,2 milhões de habitantes dependem de ajuda humanitária para sobreviver.

Entre os mais afetados estão crianças com menos de cinco anos e mulheres grávidas ou lactantes. Em Beit Lahia, no norte de Gaza, 33% das crianças examinadas apresentaram desnutrição aguda. A assistência humanitária, no entanto, é insuficiente. Restrições severas impostas por Israel desde outubro de 2023 limitaram a entrada de comboios humanitários: apenas 25% das solicitações coordenadas pela ONU foram aprovadas, dificultando o envio de alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), que coordena grande parte da ajuda à população civil, enfrenta cortes de financiamento significativos, o que agrava ainda mais a crise. A violência contínua — com bombardeios, operações terrestres, destruição de mercados e fazendas — tornou inviável qualquer forma de produção de alimentos no território.

Diante desse cenário, a OMS apela por um cessar-fogo imediato, a abertura de corredores humanitários e maior financiamento internacional para garantir socorro à população civil. A organização também solicitou que mais países se mobilizem para ajudar.

Apesar da gravidade da situação, ainda há quem negue a existência da guerra. Em meio à avalanche de desinformação nas redes sociais, alguns influenciadores digitais ousam dizer que não há conflito em Gaza. Ignoram, assim, a realidade de um povo que há mais de 70 anos vive sob ocupação, ataques e negação de direitos fundamentais.

Mais de sete décadas de conflito

O embate entre Israel e Palestina não começou agora. Desde a criação do Estado de Israel, em 1948 — marcada pela Nakba (catástrofe, em árabe), quando mais de 700 mil palestinos foram expulsos de suas terras — a região vive ciclos contínuos de guerra, ocupação e resistência.

As principais guerras, como a de 1948, a Guerra dos Seis Dias (1967), a Guerra do Yom Kippur (1973) e as diversas ofensivas militares em Gaza (como as de 2008-09, 2012, 2014 e a atual, iniciada em 2023), compõem uma história marcada por violências sistemáticas, bloqueios econômicos, ocupações ilegais e violações dos direitos humanos.

Gaza, um dos lugares mais densamente povoados do planeta, segue sitiada por terra, ar e mar há mais de 15 anos. E agora, em 2024, vive talvez seu momento mais sombrio. Como destacou a OMS, o acesso à comida e à água, direitos humanos básicos, tornou-se uma questão de vida ou morte.

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Editor Ourinhos Online