Tubarão (1975): o primeiro blockbuster do cinema – Por Bruno Yashinishi
Em 1975, um então jovem diretor chamado Steven Spielberg lançou um filme que faria milhões de pessoas pensarem duas vezes antes de entrar no mar. O nome do terror? Tubarão (Jaws, no original). Uma criatura gigante, dentes afiadíssimos, e uma trilha sonora capaz de gelar a espinha de qualquer um: essa foi a receita perfeita para o nascimento do primeiro blockbuster da história do cinema.
A trama começa pacata (demais, até): em uma ilha turística chamada Amity, um ataque misterioso abala os moradores depois que uma jovem desaparece no mar. Logo se descobre que o responsável é um tubarão branco de proporções épicas, e o chefe de polícia local, Martin Brody (vivido por Roy Scheider), tenta convencer as autoridades a fechar as praias. Mas quem quer parar o turismo em pleno verão? Spoiler: todo mundo depois que o bicho começa a fazer mais vítimas.
Junta-se então ao herói um oceanógrafo nerd (Richard Dreyfuss) e um caçador de tubarões ranzinza e carismático chamado Quint (Robert Shaw). O trio parte numa missão insana para capturar o monstro marinho. E é aí que o filme realmente mostra a que veio: suspense, tensão, e um verdadeiro manual de como deixar o público à beira do ataque cardíaco, mesmo sem mostrar o tubarão por boa parte do filme. Aliás, você sabia que o tubarão mecânico vivia quebrando nas filmagens? Spielberg foi obrigado a esconder o bicho o máximo possível — e acabou criando um suspense genial com isso.
O filme arrecadou mais de 470 milhões de dólares ao redor do mundo (o que era uma fortuna absurda na época) e ficou no topo das bilheteiras até ser desbancado dois anos depois por Star Wars. Tubarão não foi só um sucesso de bilheteria. Foi também o responsável por inaugurar o conceito de blockbuster: grandes produções lançadas no verão, com campanhas publicitárias massivas e filas intermináveis nos cinemas.
E é impossível falar de Tubarão sem mencionar sua trilha sonora icônica. O compositor John Williams criou duas notas musicais que mudaram para sempre a história do suspense: duuun-dun, duuun-dun… Simples, crescente, ameaçador — como um trem em movimento vindo em nossa direção, acelerando a cada batida. A música não apenas anuncia o perigo: ela é o perigo. E foi exatamente isso que a tornou inesquecível. Até hoje, basta tocar essas notas para despertar aquele frio na barriga. E pensar que Williams achou que Spielberg fosse rir da ideia…
O impacto cultural foi tão grande que o medo de tubarões se espalhou mundo afora, e o próprio Spielberg já admitiu que sentiu um certo peso por transformar o animal em um vilão tão temido. Mesmo assim, Tubarão marcou época, criou uma legião de fãs, e ainda inspira cineastas e roteiristas até hoje. Sem falar que gerou continuações, paródias, brinquedos, videogames e até debates sobre conservação marinha.
Assistir a Tubarão é mais do que ver um filme: é entrar em uma cápsula do tempo que mostra o nascimento do cinema moderno como espetáculo de massa. Com suspense milimetricamente calculado, atuações marcantes e uma música que ainda assombra mergulhadores, o longa continua afiado como os dentes do seu protagonista.
Então, da próxima vez que for à praia e ouvir uma musiquinha estranha em sua cabeça… talvez seja só sua memória cinematográfica pregando uma peça. Ou não.
Apoie o Ourinhos.Online⬇️
https://apoia.se/ourinhosonline
Share this content: