50 anos de um filme obrigatório: “Um estranho no ninho” (1975) Por Bruno Yashinishi

Assim como músicas, livros e peças teatrais, alguns filmes alcançam um status de imortalidade, tornando-se atemporais e inesquecíveis. Eles conquistam não apenas os cinéfilos, mas qualquer pessoa que reconheça uma verdadeira obra de arte. “Um Estranho no Ninho”, dirigido por Milos Forman, lançado em 1975 e baseado no romance homônimo escrito por Ken Kesey, é um exemplo claro dessa categoria. Sou suspeito para escrever sobre este filme, pois, certamente, está entre meus cinco preferidos. Além disso, é uma das melhores performances do meu ator preferido, o lendário Jack Nicholson. No entanto, arrisco algumas palavras, ainda que modestamente, na tentativa de homenagear os 50 anos dessa obra-prima. Desde seu lançamento, o filme permanece como uma referência obrigatória no universo cinematográfico.
Ambientado em uma instituição psiquiátrica no estado do Oregon, o filme é um drama psicológico profundo e inquietante. A trama começa com Randle McMurphy (Jack Nicholson), um criminoso reincidente, sendo transferido do sistema penitenciário para o hospital psiquiátrico após alegar estar mentalmente doente. Condenado por um crime de estupro estatutário, McMurphy finge sofrer de distúrbios mentais na esperança de escapar do trabalho forçado na prisão e cumprir sua pena em um ambiente mais tranquilo. No entanto, ao adentrar o hospital, ele logo percebe que sua nova realidade é mais complexa do que imaginava.
Dentro da instituição, McMurphy se depara com a enfermeira Mildred Ratched (Louise Fletcher), uma figura fria e autoritária que controla os pacientes com uma combinação de manipulação psicológica e uma rotina implacável. Ratched, que se impõe como uma autoridade absoluta cria um ambiente de subordinação, repressão e medo. Entre os internos, McMurphy encontra uma variedade de personagens complexos, cada um com suas próprias limitações e traumas: o tímido e gago Billy Bibbit (Brad Dourif), o paranóico Dale Harding (William Redfield) , o delirante Martini (Danny DeVito), o excêntrico “Chefe” indígena Bromden (Will Sampson) e outros, todos lutando contra seus próprios fantasmas.
A partir desse momento, McMurphy se torna uma ameaça à ordem estabelecida por Ratched. Em um confronto de vontades, McMurphy, com seu espírito irreverente e desafiador, começa a desafiar as regras e a autoridade da enfermeira. Um dos momentos mais emblemáticos do filme ocorre quando ele organiza uma pescaria fora do hospital, levando alguns pacientes consigo. Esse gesto simples, mas poderoso, demonstra aos internos que eles têm a capacidade de tomar decisões por si mesmas e que não precisam se submeter passivamente à autoridade repressiva.
À medida que a história se desenrola, vemos o crescente conflito entre McMurphy e Ratched, com o primeiro tentando incitar uma revolução emocional entre os pacientes, enquanto a segunda busca destruir sua influência. Quando McMurphy descobre que sua pena pode ser prorrogada indefinidamente, ele planeja uma fuga. Em um esforço para reunir os internos, organiza uma festa secreta de Natal no hospital, trazendo mulheres e subornando um guarda noturno para garantir que nada interfira em sua rebelião. No entanto, a festa acaba em tragédia quando Billy Bibbit, encorajado por McMurphy a se libertar de suas inibições, se suicida após ser ameaçado por Ratched com a divulgação de seu comportamento à sua mãe.
O ponto culminante do filme ocorre quando McMurphy, tomado pela raiva e dor pela morte de Billy, parte para cima de Ratched, resultando em um confronto físico brutal. McMurphy é levado para uma lobotomia, um procedimento que destrói sua personalidade irreverente e rebelde. É nesse momento que Chefe Bromden, que havia se fingido de surdo e mudo durante toda a trama, decide libertar-se também.
A cena final, definitivamente, não é desse mundo. Não é somente o final de um filme, mas uma ode à arte cinematográfica. Evidentemente, não vou revelar aqui o fim do filme, mesmo para aqueles que já o assistiram. Assim, fica o convite para quem não viu e uma dose nostálgica (e, porque não também um convite) para quem já viu.
“Um Estranho no Ninho” é um dos pouquíssimos vencedores do Oscar que são lembrados mesmo após décadas. Além disso, o filme recebeu as cinco principais categorias na cerimônia de 1976, ou seja, Melhor Roteiro (Bo Goldman e Lawrence Hauben), Melhor Diretor (Milos Forman), Melhor Atriz (Louise Fletcher), Melhor Ator (Jack Nicholson) e, claro, Melhor Filme. Cinquenta anos após seu lançamento, continua sendo uma das produções mais impactantes e importantes da história do cinema.

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Editor Ourinhos Online