Lula reafirma defesa da soberania e rejeita “se humilhar” diante de Trump
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Em entrevista à agência Reuters nesta quarta-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a posição do Brasil frente às recentes sanções impostas pelos Estados Unidos e criticou diretamente o ex-presidente norte-americano Donald Trump, a quem chamou de “imperador”.
Lula declarou que não aceitará qualquer imposição que afete a soberania nacional e rejeitou a ideia de buscar, a qualquer custo, uma aproximação com Trump.
“Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, afirmou.
Apesar do impasse, o presidente disse que mantém abertas as portas para negociações e que não pretende, num primeiro momento, retaliar com tarifas recíprocas. Entretanto, destacou que o Brasil conta com a Lei da Reciprocidade como instrumento estratégico. Segundo ele, o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) estão atuando para reabrir o diálogo, mas esbarram na falta de disposição por parte dos EUA.
Diversificação comercial e fortalecimento do Brics
Lula reforçou que o Brasil continuará buscando diversificar suas relações comerciais, lembrando que as trocas com os Estados Unidos representam apenas 12% da balança comercial, enquanto a China responde por quase 30%.
“Se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar outro para vender; se a China não quiser, vamos procurar outro. Não vamos ficar chorando”, disse.
Ele também destacou a importância do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como contraponto ao unilateralismo. Lula afirmou que pretende conversar com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com o presidente da China, Xi Jinping, para definir ações conjuntas contra as tarifas impostas por Trump.
Críticas à interferência dos EUA
O presidente brasileiro condenou o que considera tentativa de interferência de Trump na política interna do país e ataques ao Supremo Tribunal Federal.
“Nós já tínhamos perdoado a intromissão dos Estados Unidos no golpe de 1964. Esta não é uma intromissão pequena. É inadmissível que um presidente dos EUA ache que pode ditar regras a um país soberano como o Brasil”, declarou.
Reação da mídia e pressão interna
Enquanto Lula adota um tom firme nas negociações, parte da imprensa e setores econômicos defendem uma postura mais conciliadora com os Estados Unidos. O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, publicou um editorial sugerindo que o Brasil rompa com o Brics, medida vista por críticos como um retrocesso na política externa.
Para aliados do governo, a resistência de Lula simboliza a defesa da autonomia nacional em um cenário global de tensões comerciais, enquanto opositores e setores empresariais pressionam por acordos rápidos com Washington.
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