Doadora de campanha de Tarcísio é investigada por envolvimento com esquema de lavagem de dinheiro do PCC
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Por Redação Ourinhos.Online
Fonte: Altamiro Borges / Revista Pirralha
Uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo nesta terça-feira (29) lança novas sombras sobre a campanha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). De acordo com a matéria, uma das principais doadoras da campanha de 2022, a pecuarista Maribel Schmittz Golin, está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) do Paraná sob suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo as investigações, Maribel teria realizado pelo menos quatro transferências financeiras com Willian Barile Agati, apontado como integrante da facção criminosa. A doação da empresária ao então candidato somou R$ 500 mil, sendo R$ 100 mil via Pix em agosto e outros R$ 400 mil por transferência eletrônica em outubro, já no segundo turno. Esse foi o sexto maior valor recebido pela campanha de Tarcísio.
Em nota, a assessoria do governador afirmou que ele teve mais de 600 doadores e que não possui vínculo com Maribel Golin, tampouco conhecimento sobre qualquer conduta irregular relacionada à doadora. Ainda assim, o jornal destaca que Maribel não fez doações a outros candidatos, o que chama a atenção dos investigadores.
Envio de cocaína e ligações com a máfia italiana
As suspeitas contra Maribel Golin surgiram no contexto de uma investigação da Polícia Federal sobre o envio de cocaína do PCC para a Europa, por meio do porto de Paranaguá (PR). A facção brasileira atuaria em parceria com a máfia italiana ’Ndrangheta. A PF identificou Maribel como investigada oficial em um relatório, após rastrear transações financeiras entre ela e Willian Barile.
Entre os negócios suspeitos está a venda de um apartamento avaliado em R$ 881 mil por R$ 3 milhões, em Santo André (SP). Além disso, três transferências entre empresas de Maribel e Barile somam R$ 3,5 milhões. Para a PF, essas transações são indícios clássicos de lavagem de dinheiro, com fortes indícios de irregularidades na declaração dos valores.
Empresas sem funcionários e movimentação bilionária
A Polícia Federal expandiu a investigação e descobriu que Maribel possui quatro empresas, todas sem funcionários registrados, que movimentaram mais de R$ 1,4 bilhão entre 2020 e 2022. A apuração encontrou ainda transações suspeitas com o pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus. Um delator afirmou que Joselito Golin, marido de Maribel, “esquentava dinheiro dentro da igreja do pastor Valdemiro”.
Boulos reage: “Aqui se faz, aqui se paga”
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que foi acusado por Tarcísio durante a campanha para a prefeitura de São Paulo em 2024 de supostas ligações com o crime organizado, reagiu com ironia à revelação. Em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, Boulos declarou:
— Agora fica claro quem tem relação com crime. O mundo dá voltas. No dia da eleição em São Paulo, Tarcísio me acusou de relação com o crime organizado. Menos de um ano depois, sua doadora de campanha é investigada por lavagem de dinheiro do crime organizado. Aqui se faz, aqui se paga.
A investigação segue em curso e ainda não há acusações formais contra a pecuarista. A defesa de Maribel Golin não se pronunciou até o fechamento desta edição.
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