Mães ocupam supermercados em protesto contra a fome e a carestia em mais de 20 estados do Brasil
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Em meio ao aumento do custo de vida, mulheres exigem o fim da escala 6×1, valorização do salário mínimo e o combate ao desperdício de alimentos
No último sábado (10), mulheres de diversas regiões do Brasil ocuparam supermercados em mais de 20 estados em um ato de resistência contra a fome, o alto custo dos alimentos e a jornada exaustiva de trabalho. A manifestação, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), integra a campanha nacional “Mães Contra a Fome”.
Em Diadema (SP), manifestantes se reuniram no Supermercado Assaí com cartazes que pediam o aumento do salário mínimo e a redução dos preços dos alimentos. A ação foi marcada por palavras de ordem, denúncia do desperdício de comida e o apelo por justiça social.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revelam que 45% dos lares brasileiros são mantidos com rendas abaixo do salário mínimo, atualmente fixado em R$ 1.518,00. Isso representa cerca de 12,8 milhões de famílias em situação de insegurança alimentar. Em contraste, o valor da cesta básica já ultrapassa os R$ 800,00 em várias regiões.
“Você vai ao mercado e tudo tá tão caro que não dá pra comprar tudo. A gente compra só o necessário e deixa muita coisa pra trás”, relata Lucineia Maria de Araújo, participante do protesto. “Estamos aqui para lutar pelas nossas cestas, porque sabemos que esse mercado desperdiça um monte de comida”, completou.
O contraste é alarmante: enquanto 11 milhões de mães solo enfrentam a angústia de não saber se terão como alimentar seus filhos, o Brasil desperdiça anualmente cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos.
A campanha “Mães Contra a Fome” segue mobilizando apoio nas redes digitais e também arrecada doações de alimentos e recursos por meio do link: apoia.se/mlb-contra-fome. O movimento reforça que a luta por comida no prato e dignidade no lar é urgente e coletiva.